Pages

terça-feira, 30 de junho de 2009

Saber educar... Eis a questão!

"Trabalho há mais de 30 anos com escola que não tem aula, série e prova, e dá certo", diz educador português.
por Simone Harnik
Em São Paulo

Idealizador da Escola da Ponte, em Portugal, instituição que, em 1976, iniciou um projeto no qual os estudantes aprendem sem salas de aula, divisão de turmas ou disciplinas, o educador português José Pacheco afirma que as escolas tradicionais são um desperdício para os estudantes e os professores.

"O que fiz por mais de 30 anos foi uma escola onde não há aula, onde não há série, horário, diretor. E é a melhor escola nas provas nacionais e nos vestibulares", diz. "Dar aula não serve para nada. É necessário um outro tipo de trabalho, que requer muito estudo, muito tempo e muita reflexão."

Aos 58 anos, o professor que classifica autores como Jean Piaget como "fósseis", fez uma peregrinação pelo país. No trabalho de prospecção de boas iniciativas em colégios brasileiros, Pacheco só não conheceu instituições do Acre e do Amapá e diz ter somado cerca de 300 voos no último ano.

Com a experiência das viagens, escreveu dois livros de crônicas: o "Pequeno Dicionário de Absurdos em Educação", da editora Artmed, e o "Pequeno Dicionário das Utopias da Educação", da editora Wak. Aponta ainda que a educação brasileira não precisa de mais recursos para melhorar: "O Brasil tem tudo o que precisa, tem todos os recursos e os desperdiça". Veja a entrevista:
UOL Educação - Em suas andanças pelo país, qual o absurdo que mais chamou sua atenção?

Pacheco - O maior absurdo é que a educação do Brasil não precisa de recursos para melhorar. O Brasil tem tudo o que precisa, tem todos os recursos e os desperdiça.

UOL Educação - Desperdiça como?

Pacheco - Pelo tipo de organização. A começar pelo próprio Ministério da Educação. Eu brinco, por vezes, dizendo que o melhor que se poderia fazer pela educação no Brasil era extinguir o Ministério da Educação. Era a primeira grande política educativa.

UOL Educação - Qual o problema do ministério?

Pacheco - Toda a burocracia do Ministério da Educação que se estende até a base, porque a burocracia também existe nas escolas, à imagem e semelhança do ministério. No próprio ministério, o contraste entre a utopia e o absurdo também existe. Conheço gente da máxima competência, gente honesta. O problema é que, com gente tão boa, as coisas não funcionam porque o modo burocrático vertical não funciona. É um desperdício tremendo.

UOL Educação - Como resolver?

Pacheco - Teria de haver uma diferente concepção de gestão pública, uma diferente concepção de educação e uma revisão de tudo o que é o trabalho.

UOL Educação - O que teria de mudar na concepção de educação?

Pacheco - O essencial seria que o Brasil compreendesse que não precisa ir ao estrangeiro procurar as suas soluções. Esse é outro absurdo. Quais são hoje os autores que influenciam as escolas? Vygotsky [Lev S. Vygotsky (1896-1934)], Piaget [Jean Piaget (1896-1980)]? Não vejo um brasileiro. Mas podem dizer: "E Paulo Freire?". Não vejo Paulo Freire em nenhuma sala de aula. Fala-se, mas não se faz.

Identifiquei, nos últimos anos, autores brasileiros da maior importância que o Brasil desconhece. Esse é outro absurdo. Quem é que ouviu falar de Eurípedes Barsanulfo (1880-1918)? De Tomás Novelino (1901-2000)? De Agostinho da Silva (1906-1994)? Ninguém fala deles. Como um país como este, que tem os maiores educadores que eu já conheci, não quer saber deles nem os conhece?

Há 102 anos, em 1907, o Brasil teve aquilo que eu considero o projeto educacional mais avançado do século 20. Se eu perguntar a cem educadores brasileiros, 99 não conhecem. Era em Sacramento, Minas Gerais, mas agora já não existe. O autor foi Eurípedes Barsanulfo, que morreu em 1918 com a gripe espanhola. Este foi, para mim, o projeto mais arrojado do século 20, no mundo.

UOL Educação - O que tinha de tão arrojado?

Pacheco - Primeiro, na época, era proibida a educação de moços e moças juntos. Só durante o governo Getúlio Vargas é que se pôde juntar os dois gêneros nos colégios. Ele [Barsanulfo] fez isso. Ele tinha pesquisa na natureza, tinha astronomia no currículo oficial. Não tinha série nem turma nem aula nem prova. E os alunos desse liceu foram a elite de seu tempo. Tomás Novelino foi um deles e Roberto Crema, que hoje está aí com a educação holística global, foi aluno de Novelino.

UOL Educação - Por que o senhor fala desses autores?

Pacheco - Digo isso para que o brasileiro tenha amor próprio, compreenda aquilo que tem para que não importe do estrangeiro aquilo que não precisa. É um absurdo ter tudo aqui dentro e ir pegar lá fora.

UOL Educação - Qual foi a maior utopia que o senhor viu?

Pacheco - O Brasil é um país de utopias, como a de Antônio Conselheiro e a de Zumbi dos Palmares. Fui para a história, para não falar em educação. Na educação, temos Agostinho da Silva, que é um utópico coerente, cuja utopia é perfeitamente viável no Brasil. Ou seja, é possível ter uma educação que seja de todos e para todos. O Brasil, dentro de uns 30 ou 40 anos, será um país bem importante pela educação. São os absurdos que têm de desaparecer, para dar lugar à concretização das utopias. Acredito nisso, por isso estou aqui.
UOL Educação - Os professores são resistentes às mudanças?

Pacheco - Os professores são um problema e são a solução. Eu prefiro pensar naqueles professores que são a solução, conheço muitos que estão afirmando práticas diferentes.

UOL Educação - Práticas diferentes como a da Escola da Ponte?
Pacheco - Não são "como", mas inspiradas, com certeza. São práticas que fazem com que a escola seja para todos e proporcione sucesso para todos.

UOL Educação - Dentro da escola tradicional, onde ocorre o desperdício de recursos?

Pacheco - Se considerarmos o dinheiro que o Estado gasta por aluno, daria para ter uma escola de elite. Onde o dinheiro se desperdiça? Por que em uma escola qualquer, que tem turmas de 40 alunos, a relação entre o número de professores e de alunos é de um para nove? Por que os laudos e os atestados médicos são tantos? Porque a situação que se criou nas escolas é a do descaso. Esse é um absurdo.

UOL Educação - Onde mais ocorre o desperdício nas escolas?

Pacheco - O desperdício de tempo também é enorme em uma aula. Pelo tipo de trabalho que se faz, quando se dá aula, uma parte dos alunos não tem condições de perceber o que está acontecendo, porque não têm os chamados pré-requisitos, e se desliga. Há um outro conjunto de crianças que sabem mais do que o professor está explicando - e também se desliga. Há os que acompanham, mas nem todos entendem o que o professor fala. Em uma aula de 50 minutos, o professor desperdiça cerca de 20 horas. Se multiplicarmos o número de alunos que não aproveitam a aula pelo tempo, vai dar isso.

O desperdício maior tem a ver com o funcionamento das escolas. Os professores são pessoas sábias, honestas, inteligentes e que podem fazer de outro modo: não dando aula, porque dar aula não serve para nada. É necessário um outro tipo de trabalho, que requer muito estudo, muito tempo e muita reflexão.

UOL Educação - As famílias não estão acostumadas com escolas que não têm classe, professor ou disciplinas. Querem o conteúdo para o vestibular. Como se rompe com esse tipo de mentalidade?

Pacheco - Pode-se romper mostrando que é possível. Eu falo do que faço, e não de teorias. O que fiz por mais de 30 anos foi uma escola onde não há aula, onde não há série, horário, diretor. E é a melhor escola nas provas nacionais e nos vestibulares. Justamente por não ter aulas e nada disso.

UOL Educação - Por que uma escola que não tem provas forma alunos capazes de ter boas notas em provas e concursos?

Pacheco - Exatamente por ser uma escola, enquanto as que dão aulas não são. As pessoas têm de perceber que não é impossível. E mais, que é mais fácil. Posso afirmar, porque já fiz as duas coisas: estive em escolas tradicionais, com aulas, provas, com tudo igualzinho a qualquer escola; e estive também 32 anos em outra escola que não tem nada disso. É mais fácil, os resultados são melhores.

UOL Educação - Na concepção do senhor, o que é uma boa escola?

Pacheco - É a aquela que dá a todos condições de acesso, e a cada um, condições de sucesso. Sucesso não é só chegar ao conhecimento, é a felicidade. É uma escola onde não haja nenhuma criança que não aprenda. E isso é possível, porque eu sei que é. Na prática.

UOL Educação - O professor que está em uma escola tradicional tem espaço para fazer um trabalho diferente? O senhor vê espaço para isso?

Pacheco - Não só vejo, como participo disso. No Brasil, participei de vários projetos onde os professores conseguiram escapar à lógica da reprodução do sistema que lhe é imposto. Só que isso requer várias condições: primeiro, não pode ser feito em termos individuais; segundo, a pessoa tem de respeitar que os outros também têm razão. Se, dentro da escola, os processos começam a mudar e os resultados aparecem, os outros professores se aproximam. Não tem de haver divisionismo.

UOL Educação - O senhor acha que a mudança na estrutura da escola poderia partir do poder público ou depende da base?

Pacheco - Acredito que possa partir do poder público, mas duvido que aconteça. As secretarias têm projetos importantes, mas são de quatro anos. Uma mudança em educação precisa de dezenas de anos. Precisa de continuidade. E isso é difícil de assegurar em uma gestão. Precisa partir de cada unidade escolar e do poder público juntos.

Fonte: UOL

Reforma ortográfica = textos mal escritos


Questionado pelo Jornal Folha Online sobre a reforma ortográfica, que entrou em vigor no dia 1º de janeiro deste ano, o professor Pasquale Cipro Neto fez duras críticas às mudanças. Para o professor, a sua implementação produziu somente problemas para os cidadãos. "A reforma gerou confusão, textos mal escritos e interpretações diversas. Houve desperdício de dinheiro, água, papel e energia elétrica por um acordo que entrou em vigor precipitadamente, pois nem sequer Portugal ainda o adotou."
A maioria dos portugueses é contra a aplicação do acordo ortográfico e diz que não vai utilizar as novas normas, segundo sondagem realizada pela empresa Aximage, sob encomenda do jornal "Correio da Manhã", o mais vendido no país.
Particularmente creio que a reforma tenha sido somente uma lacuna no trajeto decrescente na escrita e na leitura do povo. Há muito tempo temos esta depressividade, mesmo porque os educadores estão preocupados demais com as regrasa gramaticais e esquecem do conteúdo concreto.
Um está aliado ao outro. De forma mais clara, é indicutível que um estudo gramatical através de situações cotidianas estimulam o indivíduo ao desejo de aprender cada vez mais.
Pasquale não é a melhor pessoa pra se pronuciar sobre a reforma ortográfia, pois gramatiqueiro, como é, não teria outra opinião que não essa.
O fato é que a reforma veio para atrapalhar ainda mais o processo. Desnecessária, infiél e principalmente utópica.


domingo, 28 de junho de 2009

Procurando capacitação profissional?


O período de férias é uma boa opção para quem deseja qualificar-se e não tem tempo no período letivo normal. Para os meus amigos/leitores do Rio de Janeiro existem várias opções e para os leitores do Noroeste Fluminense fica o incentivo para cobrarem dos nossos governantes e das Instituições de Ensino algo semelhante.
Confira algumas opções:

::ESTÁCIO DE SÁ
Os próximos cursos de férias da universidade acontecem de 11 de julho a 1º de agosto. As inscrições poderão ser feitas no site www.estacio.br/ferias, com taxa de R$ 20. Os cursos mais procurados são os de Gestão Estratégica de Custos, Mercado de Ações, Assessoria de Imprensa, Jornalismo Digital, Argumentação Jurídica, Elaboração de Petição Inicial, Avaliação de Riscos Ambientais, Técnicas de Vendas, Bicombustíveis e Inglês Técnico na área de Petróleo e Gás.

::RECEPCIONISTA
Quem se inscrever até o dia 4 de julho nos cursos do GSR-RJ (Grupo Socorristas das Ruas) terá desconto na inscrição: um curso, R$ 20; dois cursos, R$ 15 cada um; e três cursos, pague R$ 10 cada um. Há aulas de Primeiros Socorros; Acompanhante de Idosos; Massagem Terapêutica; Drenagem Linfática; Estética Corporal; Depilação; Curativos e Bandagens; Verificação de Pressão Arterial; Recepcionista Administrativo; Telemarketing; Operador de Caixa de Loja; Técnicas de Vendas; Básico de Hotelaria; e Organização de Eventos; entre outros. Inscrições são aceitas na Rua Monsenhor Amorim 34, fundos, 1º andar, Engenho Novo.

Fonte: Jornal O Dia

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Curso sobre Mídia e Pornografia na UFF


Vinte dos 30 alunos da cadeira de Mídia e Pornografia já estão na sala esperando a professora Mariana Baltar. Hoje, a aula que é uma matéria optativa do curso de Estudos de Mídia da Universidade Federal Fluminense (UFF), fundado há quatro anos, é especial, com palestra de Sofia Zanforlin, mestre em comunicação que fez sua tese de mestrado baseada no seriado gay americano "Queer as folk" (Os assumidos), um divisor de águas no mundo das produções de TV a cabo que mostrou, sem estereótipos, o cotidiano de um grupo de amigos homossexuais, uma espécie de "Sex and the city" gay.

Por mais improvável que seja o tema para dentro de uma sala de aula de uma das mais respeitadas universidades federais do Rio, o assunto é debatido com seriedade.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Saber aprender e ensinar no século XXI

Professor João Beauclair é Palestrante e Conferencista Internacional sobre temas motivacionais, educacionais e psicopedagógicos em diversos congressos, encontros, simpósios e fóruns. Arte-educador, Psicopedagogo, Mestre em Educação, Psicólogo em Formação. autor e tutor de cursos online no Projeto EducEad (Site Psicopedagogia Online e Fundação Aprender); Professor convidado para cursos de Pós-graduação em Educação e Psicopedagogia em instituições de diferentes estados brasileiros; Mediador do PEI (Programa de Enriquecimento Instrumental – Nível I e II), com certificado do ICELP (International Center of Enhancement to Learning Potential) de Israel; Associado Titular e Conselheiro Nacional Eleito (Gestão 2008-2010) da ABPP: Associação Brasileira de Psicopedagogia; escritor, ambientalista, poeta, ensaísta. Autor dos seguintes livros: Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades; Para Entender Psicopedagogia e da Coleção Ensinantes do presente, ambos da WAK Editora, Rio de Janeiro. Pela Pulso Editorial, de São José dos Campos, SP, possui os seguintes livros publicados: Educação & Psicopedagogia: aprender e ensinar nos movimentos de autoria e Incluir, um verbo/ação necessário à inclusão: pressupostos psicopedagógicos. Autor de diversos artigos sobre Psicopedagogia, Educação, Meio Ambiente, Ecologia Humana, Direitos e Valores Humanos publicados em revistas especializadas e em sites brasileiros e europeus. Visite o site do autor: www.profjoaobeauclair.net


Resumo: Saber aprender e ensinar no século XXI é permanente desafio à construção de um cotidiano escolar onde seja possível fazer valer as dimensões humanas da Ética e da Cidadania Ativa. Num tempo de revisões paradigmáticas em importantes campos do Conhecimento, da Ciência e Tecnologia, a Psicopedagogia pode auxiliar neste movimento, propondo estratégias e ações que viabilizem a melhoria dos processos de aprender, ensinar e conviver nos espaços institucionais de nossa atualidade. A proposta aqui apresentada é a de refletirmos sobre como tais ações e estratégias podem contribuir para que aprendizagens significativas sejam vivenciadas por todos os envolvidos na magia de educar, capacidade humana que faz com que sentidos e significados sejam despertos para um viver ético e cidadão.

Palavras-chave: Psicopedagogia, Cotidiano escolar, Aprendizagem Significativa, Ética e Cidadania, Sociedade Aprendente, Sociedade do Conhecimento.

Introdução:


“Somos todos anjos de uma asa só,
e só podemos alçar vôo
se estivermos abraçados
uns aos outros.”
Léo Buscáglia

Saber aprender e ensinar no século XXI é permanente desafio à construção de um cotidiano escolar onde seja possível fazer valer as dimensões humanas da Ética e da Cidadania Ativa. Na complexidade de nosso tempo, com todas as suas questões sociais presentes, os modelos de percepção de mundo ultrapassados que não dão mais conta de encontrar alternativas possíveis, precisam ser superados para a construção de um novo tempo, onde possamos ver e viver dias melhores.
Na revisão paradigmática que atualmente vivemos em importantes campos do Conhecimento, da Ciência e Tecnologia, a Psicopedagogia pode auxiliar neste movimento, propondo estratégias e ações que viabilizem a melhoria dos processos de aprender, ensinar e conviver nos espaços institucionais educativos. A proposta aqui apresentada é a de refletirmos sobre como tais ações e estratégias podem contribuir para que aprendizagens significativas sejam vivenciadas por todos os envolvidos na magia de educar, capacidade humana que faz com que sentidos e significados sejam despertos para um viver ético e cidadão.

I - Saber Aprender e Ensinar no século XXI: desafios contextuais.

"Os professores ideais são os que se fazem de pontes,
que convidam os alunos a atravessarem,
e depois, tendo facilitado a travessia,
desmoronam-as com prazer,
encorajando-os a criarem as suas próprias pontes."
Nikos Kazantzakis

Inicio este artigo utilizando uma linguagem metafórica, prática comum em minhas ações e produções como ensinante e aprendente no caminhar educativo de formar pessoas em Educação e Psicopedagogia. As metáforas possibilitam a construção de novos significados e ampliam nossas potencialidades de interpretação e intervenção com o mundo, com as pessoas, com o conhecimento.
O trecho escolhido acima como citação remete nosso pensar aos desafios de sermos pontes, enquanto ensinantes, aos nossos aprendentes. Ousar criar novos conceitos, pois também é interessante, para dar nova carga semântica as palavras e ações que necessitam nosso constante revisitar. Assim, as aprendizagens podem ganhar novas roupagens e impulsionar nossa criatividade, necessária para processos reflexivos mais abrangentes.
Faz tempo que brinco, feito criança, com as palavras, espaço de prazer e de procura de sistematização dos desafios vividos. Aprendências e ensinagens , por exemplo, são conceitos que gosto de trabalhar. Rubem Alves, Hugo Assman e Nilda Alves sustentaram meu inicial movimento neste sentido e Alicia Fernández, quando nos ensina sobre autoria de pensamento, fortalece este meu mover no mundo, em busca de novos sentidos e significados às minhas ações e intervenções educativas.
No contexto que atualmente vivemos isso é um imenso ganho para quem atua com pessoas e aprendizagem, pois possibilita a construção metacognitiva e cria espaços e tempos de trabalho, onde o fazer pedagógico amplia suas possibilidades. Aprender é ensinar e ensinar é aprender, como já nos falava, faz tempo, Paulo Freire, nosso educador maior numa perspectiva humanística, ativa e proativa de fazer educação.
Acredito que são números os desafios a serem enfrentados no contexto atual da ação educativa. Mas evito falar dos entraves como barreiras: e meu foco de ação sempre foi, é e será, sempre, vinculado as possibilidades, não aos empecilhos. Sair do lugar da queixa é estratégia essencial, pois quando não se move, a vida fenece. Diante das complexidades do ato educativo, queixar-se simplesmente é morrer em vida, pior morte, pois somos invadidos pela inércia, pela Síndrome de Gabriela: “eu nasci assim eu cresci assim vou ser sempre assim... Gabriela”, como nos ensina o poeta.
Evitar esta síndrome é a ação maior que cabe a cada um de nós. Mas como fazer este movimento? Mudança de foco, reconstrução de um outro olhar sobre nossas vidas, ações e missões. Compromisso, militância e comprometimento com o agir e o fazer que leve a outros lugares, no caminho da utopia, que serve para caminhar, como nos ensinou Eduardo Galeano.
Utopia como mola mestra para o enfrentamento, que é uma palavra bonita quando mudamos o seu sentido. As palavras servem para serem mudadas e alteradas em seus sentidos para que utópicas, novas e criativas construções aconteçam. Serve este processo para semear em nossos corações à esperança como uma ação, como atividade e proatividade facilitadora de processos de mediação, onde o ser sujeito seja pleno de respeito, com as imensas variáveis que compõem nossa espécie.
Enfrentamento não pode mais ser visto como o tradicional enfrentar, que sugere conflito, disputa onde alguns perdem e outros ganham e que somente envolve dor, nenhum prazer.
Penso a palavra enfrentamento como uma postura, um posicionamento de cada um de nós ao se colocar em frente ao outro, com um olhar mais límpido, aberto e que facilita a importância do diálogo como estratégia de mediação de conflitos, possibilitadora de novos arranjos para as questões em aberto, ou em busca de alternativas, de soluções.
No cotidiano escolar a ação educativa não é ação isenta de nossas escolhas: quando em relação de ensinagem, cada um de nós, como aprendentes, deve ter em mente o que Henry Adams nos ensinou: um ensinante “sempre afeta a eternidade. Ele nunca saberá onde sua influência termina”. E para tanto, que essa consciência ganhe efetiva presença em nossas vidas, um desafio se configura: superar o medo. É Nelson Mandela que trás relevante contribuição a este pensar quando em belíssimo texto nos diz que nosso medo mais profundo é de sermos poderosos além da medida e que é a nossa luz - e não nossa escuridão-, que nos assusta. Adiante ele afirma que cada um de nós pretendendo ser pequeno, não serve ao mundo. A ação de ensinagem, visando aprendências e vivências significativas, deve ser elemento de luz diante das nossas cotidianas ações.
Ainda com Mandela, aprendemos que à medida que deixamos nossa luz brilhar, vamos dando permissão para que os outros façam o mesmo: esta não seria a maior missão de todos nós, educadores de crianças, jovens e adultos neste complexo mundo que vivemos, com tantas possibilidades de interação, movimento, aprendizagem e ressignificação da própria vida?
Aprender e ensinar, hoje, deve ser algo como o trabalho de um jardineiro, que ao cuidar do jardim, pensa na beleza das flores, dos frutos, dos pássaros, das sutilezas e das riquezas das diferentes manifestações da vida que neste espaço ocorre. Quem, hoje com mais de 35 anos, não se lembra de suas aventuras (e algumas desventuras) quando crianças em seu jardim de infância, redescobrindo outros mundos, interagindo com outras pessoas, lidando com outras materialidades e aprendendo com a música, com a poesia, com as histórias, os cantinhos?
Saber e ensinar no século XXI é tarefa de resgate de tempos outros, onde a ludicidade estava mais presente e com gostos de sabores mais amenos, menos apressados e prontos. Para isso, não é interessante fazer pesquisas de outros métodos e ler autores que se firmaram com suas excelentes contribuições a prática e a práxis pedagógica? Ler autores da Escola Nova, reler Piaget que, sabiamente, em seus escritos, nos dá a consciência de que a criança é o pai do adulto e fomentar em nossas escolas o gosto pela dúvida, pela busca, pela pesquisa como esforço de permanente abertura ao nosso pensar sobre novas tarefas e construções?
Um dos maiores desafios, ao saber que somos invadidos cotidianamente com inúmeras informações, é lidar com esta nova sociedade, cuja revolução, nos meios de informação, mídia e tecnologia, remete nosso pensar, refletir e agir sobre o como ensinar e aprender numa sociedade aprendente.
Diversos documentos oficiais, divulgando sobre tais mudanças em nosso mundo, ressaltam impactos imensos, seja o impacto da própria globalização e mundialização, seja o impacto da sociedade da informação e da nova sociedade tecno-científica. Unidos, enquanto impactos, algumas terminologias tem sido amplamente adotadas no jargão técnico sobre o tema, tais como sociedade da informação, sociedade do conhecimento (knowledge society) ou sociedade aprendente (learning society).
Saber aprender e ensinar no século XXI é enfrentar o desafio contextual de estarmos em processo de construção de uma sociedade do conhecimento (ou aprendente) que tem seu foco na produção intelectual, com intensiva utilização das tecnologias da comunicação e informação.
Fica cada vez mais claro que o conhecimento é determinante recurso social, econômico, cultural e humano neste novo período de nossa evolução histórica: a sociedade aprendente. É Hugo Assman que nos diz que com a expressão sociedade aprendente “pretende-se inculcar que a sociedade inteira deve entrar em estado de aprendizagem e transformar-se numa imensa rede de ecologias cognitivas”.
Assim, aprender e ensinar no século XXI, é necessariamente lidar com a aprendizagem numa perspectiva de construção de ecologias cognitivas, onde a capacidade de aprender está sendo cada vez mais necessária nas distintas interações que, enquanto sujeitos, estabelecemos com os outros, com o meio, ou seja, com a sociedade.
Em Pierre Lévy (1994), aprendemos que tais ecologias cognitivas são as complexas relações que estabelecemos com a realidade, fazendo a utilização coletiva de nossas inteligências com o entrelaçamento e a mediação dos avanços tecnológicos. Saber aprender e ensinar no século XXI é enfrentar este desafio no nosso contexto educacional atual: criar estratégias para o desenvolvimento de uma ecologia cognitiva geradora de uma sociedade do conhecimento, onde competências e habilidades para aprender e ensinar sejam acessíveis a todos. Um outro teórico importante, Peter Senge, nos fala sobre a necessária construção de organizações de aprendizagem

“nas quais as pessoas expandem continuamente sua capacidade de criar os resultados que realmente desejam, onde surgem novos e elevados padrões de raciocínio, onde a inspiração coletiva é libertada e onde as pessoas aprendem continuamente a aprender em grupo.

O desafio que se configura, então, é pensar como nossas escolas, em suas ações cotidianas, podem organizar ações educativas que atendam a demanda por aprendizagens significativas e por efetivas construções de conhecimentos. Em nosso momento histórico atual, reside nos projetos político-pedagógicos a busca por coerência entre as práticas de ensinagens e os novos paradigmas científicos que, no contexto das emergentes mudanças, devem estar presentes nas reformulações pedagógicas.
Na sociedade aprendente do século XXI, é a prática educativa em si que necessita ser revisada, com profundidade, em suas abordagens didáticas, em suas concepções epistemológicas e nos seus distintos aspectos curriculares, pois o avanço crescente da ciência, das tecnologias e dos meios de comunicação exige a presença da coerência nos contextos educacionais, visando atender demandas contemporâneas pela disseminação de novos paradigmas científicos, necessários à economia globalizada.
São as mudanças que desencadearam a sociedade aprendente que desafiam as instituições educacionais a oferecerem formação que seja compatível com as demandas atuais - criadas com as redes eletrônicas de comunicação, com a internet e as múltiplas possibilidades midiáticas de acesso à informação e a ampliação cada vez maior, em nosso planeta, da produção de conhecimentos, disponível nos bancos de dados presentes no ciberespaço.
Mediante tal realidade, a ação docente deve ser focada, irremediavelmente, no ensinar para aprender, visto que a maior demanda educacional contemporânea é formar sujeitos aprendentes, capazes de aprender de modo criativo, contínuo, crítico e autônomo. A adoção de novas abordagens, de novos modos de ensejar a capacidade de investigação e de “aprender a aprender” deve ser objetivo a ser perseguido por todas as instituições educacionais, para a construção de novos dos modos de produção do saber, criando condições necessárias para o necessário e permanente processo de educação continuada.
Um valioso aspecto a ser observado é a busca por ativas metodologias pedagógicas, que fomente, nas redes informatizadas, às necessidades de acesso às informações e ao conhecimento. Neste sentido, aprendentes e ensinantes precisam estar em movimentos de parcerias na pesquisa, na investigação e na busca por coletivas modalidades de aprendizagem. Importante desafio para o aprender e o ensinar no século XXI.

II - Revisões paradigmáticas e Psicopedagogia: o caminho sendo trilhado.

Os desafios elencados acima podem ser enfrentados com novos estudos, novas inserções teóricas e práticas no campo educacional. A Psicopedagogia, no Brasil, tem contribuído de modo significativo, para a necessária revisão da prática escolar cotidiana, inserindo, nos espaços e tempos institucionais, novos paradigmas e novas dimensões para o ato educativo.
Autores oriundos de campos de conhecimento distintos, tais como Edgar Morin, Humberto Maturana, Paulo Freire, Pedro Demo, Aglael Luz Borges, Francisco Varela, Ivanir Fazenda, Fritoj Capra, Maria Cecília Castro Gasparian, Alicia Fernández, Hugo Assmann, Sara Pain, Jorge Visca, Edith Rubinstein, Leonardo Boff, Maria Cândida Moraes, Xésus R. Jares, Júlia Eugênia Gonçalves, José Manuel Moran, Maria José Esteves Vasconcellos, J. Gimeno Sacristán, Sara Pain, Laura Monte Serrat, Jung Mon Sung, Nilda Alves, Fernando Hernandez, José Contreras, César Coll Salvador, Moacir Gadotti, Boaventura Santos, Gloria Pérez Serrano, entre outros tantos e importantes teóricos de nosso tempo, alimentam ações e pesquisas psicopedagógicas, (com o intuito de colaborar, de modo contundente, numa constante produção de informações e conhecimento), em um esforço conjunto e cooperativo para auxiliar, de modo crítico e reflexivo, na elaboração de novos conhecimentos e no seu inteligente uso nos espaços institucionais.
A Psicopedagogia no Brasil, hoje, tem relevante papel neste sentido, organizando práticas docentes em associação a esta nova realidade. O ensinante na educação básica, e nos demais níveis de escolaridade, com o auxilio do profissional psicopedagogo, pode superar as possíveis dificuldades relativas às mudanças essenciais que a práxis pedagógica contemporânea necessita. O ensinante, mesmo sem ser o único elemento significativo em todo este movimento, continua sendo o protagonista no que diz respeito às decisões pedagógicas, apesar de outros tantos fatores que neste processo interferem.
O ensinante, como fundamental elemento - e por seu papel em cada sala de aula que atua-, pode favorecer a mudança, visto ser ele que direciona sua própria prática pedagógica. Apesar da predominância da perspectiva reprodutora do conhecimento que, infelizmente ainda é paradigma dominante, com a presença da fala massiva e massificante, hoje, com o apoio e o trabalho dos profissionais psicopedagogos inserindo-se em diferentes espaços institucionais, metodologias mais criativas ganham espaço no cotidiano escolar.
É, sem dúvida, uma realidade nova, complexa e desafiadora para a educação como um todo - e para a Psicopedagogia em particular - esta sociedade contemporânea, do conhecimento e aprendente, que pode ser vislumbrada como um campo aberto para novos estudos, novas pesquisas e propostas educativas.
A crise vivenciada no exercício da prática docente, em todos os níveis de ensino, estimula a busca por novos caminhos necessários à educação, que atendam aos novos paradigmas de nosso tempo. É fundamental, para as novas dinâmicas comunicacionais advindas desta sociedade aprendente, sociedade da informação e do conhecimento, adequar processos pedagógicos presentes na revisão, ou melhor, na transição de paradigmas, como nos ensina Boaventura Santos (1987) que a define como um necessário espaço à ruptura e a mudança do paradigma dominante e tradicional, movimento essencial direcionado à construção do paradigma emergente.
Para Boaventura Santos (1987) tal paradigma emergente teve sua origem na ciência de nossa contemporaneidade, que por ele recebe a definição de ciência pós-moderna. Assim, as revisões paradigmáticas, como caminho sendo trilhado, podem ser pensadas, feitas e investigadas pela Psicopedagogia, que por sua própria história e pelo seu desenvolvimento, caracteriza-se com espaço interdisciplinar que visa alcançar a transdisciplinaridade, propondo a uma educação que atenda, efetivamente, as demandas pro aprendizagem presentes na pós-modernidade.
Interessantes contribuições para a ampliação desta idéia estão presentes no livro Psicopedagogia: contribuições para a educação pós-moderna, publicado pela Editora Vozes em 2004. Ao tratar dos processos de autonomia, de autoria de pensamento, de construção de novos olhares, dos vínculos afetivos, da temática de inclusão, alteridade e identidade, ao propor a contextualização plena do sujeito humano em ambientes de aprendência, além de dar especial atenção às questões presentes no cotidiano escolar, a Psicopedagogia tem contribuído de fato, com grande relevância, para o permanente desafio de construir a escola ética e cidadã, necessária para o saber aprender e ensinar no século XXI.
Algumas proposições e reflexões podem, com o suporte psicopedagógico, levar a construção de ações e estratégias contributivas para o ressignificar das vivências presentes no cotidiano escolar. Se a busca é por aprendizagens significativas, aprendentes e ensinantes devem ser percebidos como caminhantes por uma mesma estrada, de mãos dadas, na busca de conhecer, de saber, de compreender os imensos desafios de nosso tempo, que emergem em todos os aspectos da vida humana e afetam a todos nós.
A construção de um outro cotidiano escolar exige trabalharmos com as dimensões éticas necessárias a construção de uma cidadania ativa, onde a participação de todos, sem nenhuma exceção, gere uma gestão escolar democrática e possibilitadora de novos movimentos de conscientização.
Algumas das minhas apostas metodológicas, a partir de minhas antigas e atuais vivências profissionais como arte-educador, psicopedagogo e formador de educadores e psicopedagogos em cursos de pós-graduação, teço a seguir, como forma de contribuir para novas reflexões e proposições.

III – Proposições e reflexões: ações e estratégias contributivas as vivências de aprendizagens significativas:

“Não haveria existência humana
sem a abertura de nosso ser ao mundo,
sem a transitividade de nossa consciência”.
Paulo Freire

Diante do que aqui expus, e de acordo com minha postura profissional, acredito sempre ser necessário fazer proposições ao nosso pensar sobre os temas que trabalho. Apesar de fazer análises, levantar questões e estudar determinados temas ser de grande importância, cabe a quem se dedica a Educação e Psicopedagogia também fazer proposições, ou seja, apontar alguns caminhos, sempre discutíveis e provisórios.
No percorrer de minha trajetória tenho pensado e me conduzido deste modo: faço proposições, exerço minha autoria de pensamento compartilhando idéias, conhecimentos e saberes no intuito de dar minha parcela de contribuição de modo mais significativo. Escrever, para mim, é um modo de aprender, pois com a escrita, sistematizo meus estudos e posso compartilhar, com meus artigos e textos, minhas buscas em Educação e Psicopedagogia.
No meu primeiro livro, Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades, publicado em 2004, propus uma matriz de competências e habilidades básicas para a ação psicopedagógica, mediante as mudanças presentes no nosso século XXI. Interessante comentar aqui que este trabalho, nascido de minhas próprias perguntas e dúvidas psicopedagógicas, hoje está em sua segunda edição, é utilizado em diversos cursos de pós-graduação em Psicopedagogia em nosso país e tenho recebido interessantes comentários de ensinantes e aprendentes em Educação e Psicopedagogia, sobre o seu uso em estudos, aulas e produções monográficas.
No meu segundo livro publicado, Para Entender Psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios futuros, minha proposição maior está focada na própria formação do psicopedagogo e em sua permanente busca de profissionalidade, caminhando em processos de formação continuada, de supervisão e de busca de formação pessoal.
Incluir, um verbo ação necessário à inclusão: pressupostos psicopedagógicos, é meu último trabalho, recentemente publicado, e lançado em Portugal e Espanha no início deste ano. Neste livro, também mantenho a iniciativa da proposição elencando, numa perspectiva dialógica e participativa, competências técnicas para profissionais envolvidos em Psicopedagogia e Educação Inclusiva.
Aqui também considero importante me posicionar de modo propositivo. Uma primeira questão deve ser a de pensarmos, enquanto ensinantes e gestores educacionais, sobre a importância de processos de inclusão digital e do uso da internet. Pierre Lévy assinala que ciberespaço “haveria lugar para projetos, entre os quais o desenvolvimento de uma inteligência coletiva”.
Este mesmo autor afirma ainda que a inteligência, a aprendizagem e a cognição são resultantes das complexas redes onde um grande número de atores humanos, biológicos e técnicos interagem. Neste sentido, uma proposição é pensar em projetos educativos que construam, com o uso do ciberespaço, novas possibilidades didáticas, metodológicas e pedagógicas para a construção de conhecimentos.
Sabemos que os recursos tecnológicos das comunicações e informações digitais, quando presentes nas instituições de ensino não são, infelizmente, usados de modo adequado e, quando ocorre este uso, não apresentam rupturas, nem nos aspectos curriculares, epistemológicos ou didáticos, perdurando apenas abordagens pedagógicas convencionais, com pouca inovação.
Políticas públicas favorecedoras à inclusão digital e formação de educadores para o uso adequado e inovador das tecnologias da informação e comunicação, em espaços digitais, é um bom desafio a ser enfrentado para a melhoria da educação, da aprendizagem e do saber no século XXI.
Uma segunda questão surge também como possibilidade de reflexão e posicionamento: nas instituições de ensino, grosso modo, perdura uma prática pedagógica tradicional, ainda focada na transmissão do conhecimento, na aprendizagem repetitiva, sem contextualização adequada, incompatível com a conectividade, com a interatividade e hipertextualidade que caracterizam, nas redes de comunicação digitais, as dinâmicas comunicacionais novas, surgidas com a revolução das tecnologias de informação.
A proposição aqui também se vincula ao surgimento de novos projetos de formação de educadores para o uso qualitativo das novas tecnologias, como prioridade fundamental, visto que nesta nova realidade, presente na sociedade aprendente, trás a exigência de novos modos de produzir conhecimento, novas maneiras de ensinar e de aprender.
A terceira proposição está centrada no desenvolvimento das ecologias cognitivas contemporâneas, pois o amplo acesso a conhecimentos e informações, além da crescente velocidade das comunicações digitais, podem se tornar, cada vez mais, criadores de novas potencialidades de interações sociais.
O desafio então é o de fomentar o surgimento de novos usos do acesso à internet, novas comunidades, novos grupos de interesse, que exige a mobilização de novas competências, tanto para a construção individual quanto coletiva do conhecimento.
A prioridade, então, deve ser o aprendente e aqui surge uma outra proposição: a busca permanente por metodologias ativas de construção de conhecimentos que atenda a interesses e necessidades distintas, que respeite os diferentes ritmos, as distintas modalidades e os estilos diferentes de aprender de cada um. A pesquisa constante e a formação continuada, nos espaços e tempos da ação de cada ensinante, devem ser perseguidas como parte de todo o trabalho educativo.
A aprendizagem significativa, a mediação adequada no ato de aprender e a invenção de novos modelos pedagógicos devem ser perseguidas para atender as demandas de nosso tempo. Isto significa que precisamos, no cotidiano escolar, nos espaços e tempos das instituições educacionais, fazer mudanças, promover rupturas e ir além dos modos tradicionais de ensino e aprendizagem. Mudanças significativas nas posturas dos ensinantes devem ocorrer, pois a urgência é efetivar e instaurar o desejo de uma comunicação dialógica, que entenda o aprendente como um sujeito ativo, histórico que precisa de técnicas e instrumentos, mas necessita também compreender a realidade de seu tempo, de seu contexto social, e de ser visto em suas múltiplas interações e em suas diferentes capacidades perceptivas, sensoriais e cognitivas, ou seja, que seja percebido com um sujeito em suas múltiplas dimensões.
A última proposição, que aqui se configura, é a de aprendermos, todos, a lidar com a diversidade cultural, com a pluralidade, com a alteridade, com processos de identidade, de inclusão e de validação de cada aprendente. No exercício de uma cidadania ativa, de uma vivência ética nos espaços e tempos das instituições, esta proposição pode ampliar possibilidades de encontro, do sujeito com si mesmo, com os outros, com o mundo e suas complexidades. E neste movimento, aprendentes e ensinantes iniciam um novo caminhar, onde novos modos de ensinar e aprender estejam em movimento de ressignificar às relações interpessoais e criar, desta forma, novas relações com o próprio processo de construir conhecimentos, novos comportamentos, novos estímulos de percepção, novas racionalidades e novas visões de mundo, a partir de suas autorias de pensamento em movimento.

Conclusão: A magia de educar: aprender é ensinar, ensinar é aprender...

“ O grande problema do educador não é discutir se a educação pode ou não pode, mas é discutir onde pode, como pode, com quem pode, quando pode, é reconhecer os limites que sua prática impõe e perceber que o seu trabalho não é individual, é social e se dá na prática de que ele faz parte.”


Aprender é uma de nossas capacidades humanas, que faz com que sentidos e significados sejam despertos para um viver ético e cidadão. Em nossa contemporaneidade, os caminhos que estamos a vislumbrar sobre o aprender e o ensinar contemporâneo, podem apontar para novos modos de ser e estar atuando em Educação, Psicopedagogia e Aprendizagem. Tais caminhos podem gerar novas modalidades de ensino onde o autoritarismo ceda espaço para a solidariedade e para o desenvolvimento de novas habilidades criativas, colaborativas e comunicacionais essenciais ao processo de construção do conhecimento.
Deste modo, nosso maior desafio é promover espaços e tempos nas instituições educacionais para que a aprendizagem seja, de fato, cooperativa, lembrando com Jean Piaget o quanto a cooperação é fundamental fator para o desenvolvimento humano.
Para aprender e ensinar no século XXI é preciso, essencialmente, cooperar, operar junto com, favorecendo o equilíbrio nos intercâmbios presentes na sociedade de nosso tempo e resultando numa aprendizagem que traga à luz internos processos de desenvolvimento que só acontecem quando, enquanto aprendentes, os seres humanos interagem com os outros.
Assim, resta desejar com todos os nossos pensamentos, emoções, sentimentos e ações que as instituições educacionais do século XXI - onde possamos cada vez mais crescer como seres humanos- sejam como a escola sonhada por Paulo Freire e, por tantos de nós, desejada.

“Escola é...
o lugar onde se faz amigos
não se trata só de prédios, salas, quadros,
programas, horários, conceitos...
Escola é, sobretudo, gente,
gente que trabalha, que estuda,
que se alegra, se conhece, se estima.
O diretor é gente,
O coordenador é gente, o professor é gente,
o aluno é gente,
cada funcionário é gente.
E a escola será cada vez melhor
na medida em que cada um
se comporte como colega, amigo, irmão.
Nada de ‘ilha cercada de gente por todos os lados’.
Nada de conviver com as pessoas e depois descobrir
que não tem amizade a ninguém
nada de ser como o tijolo que forma a parede,
indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é também criar laços de amizade,
é criar ambiente de camaradagem,
é conviver, é se ‘amarrar nela’!
Ora , é lógico...
numa escola assim vai ser fácil
estudar, trabalhar, crescer,
fazer amigos, educar-se,
ser feliz.”

Bibliografia:
ALVES, Maria Dolores Fortes. De professor a educador. Contribuições da Psicopedagogia: ressignificar os valores e despertar a autoria. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2006.
ASSMANN, Hugo. Reencantar a educação: rumo à sociedade aprendente. Petrópolis, RJ: Vozes, 1998.
BEAUCLAIR, João. Para Entender Psicopedagogia: perspectivas atuais, desafios futuros. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2006.
BEAUCLAIR, João. Incluir, um verbo/ação necessário à Inclusão: pressupostos psicopedagógicos. São José dos Campos: Pulso Editorial, 2007.
BEAUCLAIR, João. Psicopedagogia: trabalhando competências, criando habilidades. Segunda edição. Rio de Janeiro: WAK Editora, 2006.
BEAUCLAIR, João. Olhar, ver, tecer: a busca permanente da teoria no campo psicopedagógico. In: SCOZ, Beatriz et al. (org) Psicopedagogia: contribuições para a educação pós-moderna, Petrópolis: Editora Vozes, 2004.
DEMO, Pedro. Pesquisa e construção do conhecimento. Rio de Janeiro: Editora Tempo Brasileiro, 2000.
DEVAL, Juan. Aprender na vida e aprender na escola. Porto Alegre: Editora Artes Médicas, 2001.
FREIRE, Paulo. A pedagogia dos sonhos possíveis. São Paulo: Editora Unesp, 2001.
GIBSON, Willian. Neuromancer. Nova York: Ace Book, 1984.
LÉVY, Pierre. As Tecnologias da Inteligência: o futuro do pensamento na era da informática. Rio de Janeiro: Editora 34, 1994.
LÉVY, Pierre. Inteligência coletiva: por uma antropologia do ciberespaço. São Paulo: Loyola, 1999.
MORAN, José Manuel. Mudar a forma de ensinar e de aprender com tecnologias. Revista Tecnologia Educacional. Rio de Janeiro, vol. 23, n.126, setembro-outubro 1995.
MORAN, José Manuel et al. Novas Tecnologias e mediação pedagógica. Campinas: Papirus, 2000.
MORAES, Maria Cândida. Educar na biologia do amor e da solidariedade. Petrópolis: Editora Vozes, 2003.
MORAES, Maria Cândida. O paradigma educacional emergente. Campinas: Papirus, 1997.
PIAGET, Jean. Epistemologia Genética. São Paulo: Martins Fontes, 1990.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Introdução a uma ciência pós-moderna. Rio de Janeiro: Graal Editora, 1989.
SANTOS, Boaventura de Sousa. Pela mão de Alice: o social e o político na pós-modernidade. Porto, Portugal: Edições Afrontamento, 1994.
SENGE, Peter M. A quinta disciplina: arte, teoria e prática da organização de aprendizagem. São Paulo: Círculo do Livro, 1990.
SCHÖN, D.A. The reflective practitioner: How professionals think in action. NY. Basic Books, 1983.

:: PORTUGUÊS: TRADIÇÃO OU VIVÊNCIA?


"Se o objetivo das aulas de língua portuguesa é oportunizar o domínio do dialeto padrão, devemos acrescentar outra questão: a dicotomia entre ensino da língua/ensino da metalinguagem. A opção de um ensino da língua considerando as relações humanas que ela perpassa (concebendo a linguagem como lugar de um processo de interação), a partir da perspectiva de que na escola se poder oportunizar o domínio de mais de outra forma de expressão, exige que reconsideremos ‘o que’ vamos ensinar, já que tal opção representa parte da resposta do ‘para que’ ensinamos" (Geraldi, 1997:45).


Através deste artigo proponho reflexões a partir da postura prática dos professores de Língua Portuguesa que atuam no Ensino Fundamental e Médio, ministrando aulas e disseminando o conhecimento. Verifico a necessidade de reconstruir as formas de se trabalhar a gramática na sala de aula, transpondo-a de um trabalho mecânico e teórico, para um processo de reflexão que leve à melhor compreensão dos fatos lingüísticos encontrados nos textos, que tenham a ver com a realidade lingüística de cada aluno e que permitam ao aluno uma desenvoltura maior na oralidade e na escrita.

O ato de ensinar Português na escola está ainda, atrelado ao ensino fundamentalmente gramatical de uma língua materna. Embora os educadores tentem trabalhar diversos saberes, provocando uma interdisciplinaridade, a prioridade ainda é o ensino da gramática tradicionalista normativa, o que provoca uma apatia em relação a disciplina.

Há uma indagação gritante diante dos principiantes no estudo da língua, sobre a seguinte questão: em que se baseiam os gramáticos para publicarem suas gramáticas ou guias de estudo gramatical? É fato que esses estudiosos menosprezam as variações lingüísticas e adotam apenas uma variação lingüística que é a denominada norma culta ou padrão, excluindo as outras formas de comunicação. Mesmo afirmando em suas gramáticas que o objetivo de sua obra é o de valorizar as variações existentes, os autores priorizam a padronização e a normatização.

Essa atitude de supervalorizar o ensino de língua tradicional interfere diretamente na aplicabilidade do estudo, porque toda e qualquer variação é vista como errônea, e aquele que fala diferentemente fala errado.

Já está mais que provado através de pesquisas lingüísticas que o falante aprende a língua no próprio uso, construindo um conjunto de regras, que constituíra a sua gramática interna, criando assim, um caminho inverso, que desconsidera essa forma, pela qual o falante adquire sua competência lingüística, partindo das regras para o uso.

Muitas vezes os textos têm servido como pretexto para os professores continuarem trabalhando a gramática, e de forma assistemática, sem dar aos alunos um embasamento teórico que os leve a refletir sobre os recursos lingüísticos, estilísticos e semânticos para a estruturação de bons textos.

Outro aspecto importante da pesquisa está relacionado ao fato de que alguns professores, ao tentarem sair do uso do livro didático, usando quase que somente os textos dos alunos para a discussão dos conhecimentos lingüísticos, não conseguem apresentar uma base teórica suficiente para discutir com objetividade e clareza os aspectos lingüísticos que aparecem nos textos. Isso faz com que o aluno não apreenda o conhecimento, e ainda fique mais confuso em relação a determinados conteúdos.

Conforme nos sublinha Bagno (1999, p. 67) em seu livro Preconceito Lingüístico, o quê e como: Um dos fundamentos da boa ciência é investigar as regras e leis que provocam os fenômenos naturais, que fazem as coisas acontecerem. Só que no ensino da gramática, em vez de investigarmos as regras e as leis, nós simplesmente as entregamos prontas e acabadas para os alunos, que são obrigados a decorá-las, sem terem percebido de modo mais palpável por que as coisas funcionam daquele jeito.

Estamos vivendo há muito tempo a era educacional em que o professor deve estar em contato permanente com as questões atuais relacionadas à sua ação e também ao processo de ensino-aprendizagem. Isso lhe é dificultado pelas condições de vida e trabalho, pois a maioria dos educadores contam com pouca valorização econômica e precisam de uma renda muita maior do que lhe é oferecido para o sustento de sua família, o que provoca uma busca incessante por mais e mais.

Mas as questões problemáticas do ensino de Português não residem somente na formação inicial ou continuada, eles vão além. Temos uma gama de professores de Língua Portuguesa totalmente despreparados para suas atribuições, devido a uma formação básica e confusa de termos sem relevância para o seu trabalho enquanto disseminador e aprendiz do conhecimento. Um dos fatores que provocam essa formação precária é a utilização excessiva do ensino da Língua como algo tradicional.

Enfim, não basta formar bons professores de Língua Portuguesa, sem preparo verdadeiro e se os salários e as condições gerais de trabalho inviabilizam qualquer esforço de atualização. Inegavelmente muitos professores ficam no exercício da profissão só até conseguirem algo melhor em termos financeiros, de realização pessoal e profissional.
Português: tradição ou vivência? Unir, é possível?

Referências:
GERALDI, João Wanderley. O ensino e as diferentes instâncias do uso da linguagem. In: Revista em Aberto. Brasilia: INEP 1991. p. 3-12.

por Alexsandro Rosa Soares
alexsandro.soares@gmail.com

Dica de Filme: Meu nome é rádio


::A amizade entre um técnico de futebol americano e um jovem com deficiência mental. Anderson, Carolina do Sul, 1976, na escola secundária T. L. Hanna. Harold Jones (Ed Harris) é o treinador local de futebol americano, que fica tão envolvido em preparar o time que raramente passa algum tempo com sua filha, Mary Helen (Sarah Drew), ou sua esposa, Linda (Debra Winger). Jones conhece um jovem "lento", James Robert Kennedy (Cuba Gooding Jr.), mas Jones nem ninguém sabia o nome dele, pois ele não falava e só perambulava em volta do campo de treinamento. Jones se preocupa com o jovem quando alguns dos jogadores da equipe fazem uma "brincadeira" de péssimo gosto, que deixou James apavorado. Tentando compensar o que tinham feito com o jovem, Jones o coloca sob sua proteção, além de lhe dar uma ocupação. Como ainda não sabia o nome dele e pelo fato dele gostar de rádios, passou a se chamá-lo de Radio. Mas ninguém sabia que, pelo menos em parte, a razão da preocupação de Jones é que tentava não repetir uma omissão que cometera, quando era um garoto. :

:Elenco Cuba Gooding Jr. (James Robert "Radio" Kennedy) Ed Harris (Técnico Harold Jones) Alfre Woodard (Diretora Daniels) S. Epatha Merkerson (Maggie) Brent Sexton (Honeycutt) Chris Mulkey (Frank) Sarah Drew (Mary Helen) Riley Smith (Johnny) Patrick Breen (Tucker) Debra Winger (Linda) Bill Roberson (Del) Kenneth H. Callender (Don) Michael Harding (Irv) Charles Garren (Clive)

O filme traz a tona a sua emoção social mais pura. Vale a pena conferir!

domingo, 7 de junho de 2009

Palestra Tempos de Freud

O Centro Universitário São José de Itaperuna está promovendo mensalmente palestras homenageando Freud.
Dia 27 de junho acontecerá nas dependências da Fundação São José, a palestra Repressão e Sublimação: reflexos no fracasso escolar.
O evento é GRATUITO. Participem!

CLIQUE NA IMAGEM PARA AUMENTÁ-LA

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vestibular 2009/2 no Centro Universitário São José


CLIQUE NA IMAGEM PARA AUMENTÁ-LAAlinhar ao centro

Pós-graduação em Administração Escolar


CLIQUE NA IMAGEM PARA AUMENTÁ-LA

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Concurso de Santo Antônio de Pádua


Concurso Público

O Concurso de Santo Antônio de Pádua que foi cancelado no ano de 2008 devido as enchentes ocasionadas no noroeste fluminense, enfim sairá.
De acordo com um e-mail que recebi da FESP, organizadora do concurso, no dia 26 de junho sairá no site o link para a retirada do Cartão de Confirmação e as provas acontecerão nos dias 18 e 19 de julho.
Então vale a pena conferir e aguardar!