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sábado, 20 de fevereiro de 2010

Homens também choram?


Fiquei o carnaval inteiro pensando no que escrever na coluna, sem que fosse algo visivelmente publicado e explorado pela mídia de forma geral.
Pensei, pensei, pensei, mais a quantidade de ICES que tomei no carnaval não me deixaram raciocinar muito bem. Enfim, nada vezes nada.
Mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, hoje (18/2/2010) sem nada na vida para fazer, assisti o inicio da novela Viver a Vida da Rede Globo. Foi quando me deparei com a cena do ator Mateus Solano chorando de amores pela personagem da Alinne Moraes e indaguei-me: será que ainda existem homens que choram por amor?
Com toda “masculinidade” em jogo e com a necessidade de demonstrar o machismo exacerbado que lhe identifica como o poderoso da relação, fica dificil imaginar um homem chorando de amores por uma mulher.
Seja no sofrimento do rompimento, ou por uma traição, ou até mesmo por uma discussão sem grande importância, é inevitável a tristeza, se você relamente gosta da outra pessoa.
Quando trata-se de um homem homossexual isso é mais normal, pois, somos mais sensiveis a estes sentimentos. Não temos medo de transmitir nossas fraquezas e nem as nossas angústias.
A palavra paixão vem do latim passione que é igual a sofrimento, sentimento excessivo; afeto violento; entusiasmo, cólera, grande mágoa; vício dominador; alucinação; sofrimento intenso, ou seja, algo vivido intensamente. Será que existe algum homem que sinta este sentimento ao ponto de chorar? Você conhece algum? Ou você é um? Dê sua opinião!

por Alex Soares - alexsandro.soares@gmail.com

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

SÍTIO, SITE OU SAITE


Eureca! O dicionário Houaiss (2009) registra as formas aportuguesadas megabaite e gigabaite para megabyte e gigabyte. Se há baite, por que não saite? Continuemos com a opinião dos leitores:


“Vocês deveriam usar site em inglês mesmo pois acredito que é uma palavra que todos os navegadores já conhecem. É menos complicado.” Ana Maria


“Por que não falar em empréstimos? Meu voto vai para a forma site.” Joyce


“Essa ‘guerra’ contra estrangeirismos é uma verdadeira bobagem, já que são inevitáveis e se incorporam à língua, aportuguesando-se aos poucos - no início do século, havia muitas palavras francesas que foram aportuguesadas, mas não imediatamente.” José Luiz


Lembro que a forma aportuguesada é saite. Certo?


“Saite é ridículo; site é o mais apropriado, mas acho muito interessante sítio - é uma propriedade de todas as línguas de atribuir novos significados a um vocábulo.” José Luiz


“Não acho que saite seja ridículo. Afinal, se já escrevemos sem pensar duas vezes palavras como xampu, blecaute, gangue, futebol, por que não aportuguesar site também? Podemos até usar o sítio, mas com certeza aqui no Brasil não vai colar.” Fábio


Pois foi justamente ao me deparar com a palavra sítio sem um especificador que pensei não ser ela muito adequada para o meu caso [escritura de um trabalho acadêmico], pois em diversas ocasiões eu teria de mencionar um sítio sem o nome próprio (como em “sítio Língua Brasil”), e falar todas as vezes em “sítio eletrônico” seria cansativo. Teve uma frase que me chamou a atenção: “Você deve buscar essas informações no seu sítio”. Como no texto até então não se falara em internet, a primeira coisa que me veio à mente foi que o sujeito tinha uma chácara onde guardava tais informações. Depois percebi meu equívoco.


“Site enche a boca e é bonito falar. Fica sofisticado, como qualquer termo que usemos em inglês, que é a língua estrangeira da moda. Fica estranho traduzir e dizer ‘lugar’ em vez de site.” Roberto


Bem, a palavra “lugar” é apenas uma das traduções. E o termo sítio, além de chácara, pode ser aplicado a: “lugar, local, ponto, chão descoberto, terreno, povoação, fazendola, moradia rural, o campo, a roça, qualquer local do interior. [Diz-se que é do sítio quem quer que more na roça.]” - Dic. Aurélio.


Daí surgem manifestações engraçadas:


“Minha opinião com relação à maneira como se deve constar o termo na página é como SÍTIO, acho bem original e bem a cara do Brasil.” Dani


“Gosto de sítio. Para quem acha feio ou estranho, é só uma questão de costume. E dizer que sítio lembra um pedaço de terra fora da cidade é o mesmo que dizer que galo na cabeça lembra um galo no sítio.” Giovanni

Fonte: Língua Brasil

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

TENDÊNCIAS PEDAGÓGICAS BRASILEIRAS: um olhar holístico


É necessário discutir a reformulação da visão de educação de todos aqueles personagens comprometidos com o ato de ensinar e o ato de aprender.
(SOARES, p.19, 2003)

Fundamentar um processo educacional é uma tarefa que exige historicidade, embasamento teórico e muita reflexão acerca de várias entrelinhas existentes no processo de evolução educacional brasileiro.
Sabe-se que a educação é um processo sócio-cultural que busca através da individualidade uma junção entre o Ser e o que está ao seu redor. Quão importante é, promover uma análise precisa do cenário educacional desde os últimos tempos e o reconhecimento do papel da universidade no que diz respeito a reconstrução de uma sociedade capitalista e neoliberal.
Procurou-se através deste texto tecer uma linha coerente da história educacional do país, até os dias atuais, onde a busca por uma educação de qualidade está atrelada às condições sócio-econômicas da população, bem como as vantagens adquiridas por uma elite dominadora.
Se levarmos em conta que o mundo vivia, à época, um momento de crescimento industrial e de expansão urbana e que a Escola Nova veio com o intuito de promover uma educação para todos, com a filosofia de igualdade entre os homens e do direito de todos à educação; podemos constatar várias entrelinhas no discurso de uma escola verdadeiramente nova. Além de raízes da Pedagogia tradicional, totalmente centrada no professor com a mera transmissão de conhecimento; ainda encontramos alguns pontos incomuns no processo de aquisição desta nova filosofia e/ou tendência educacional.
No que diz respeito a vantagens, podemos citar que a Escola Nova veio com o intuito de promover um processo de evolução educacional associado à evolução industrial da época, buscando um novo formato de educação, onde o ponto chave da prática educativa era o aluno e o seu cotidiano. Contudo, desvantajosamente percebe-se que ainda existe a questão da transmissão do conhecimento por si só, bem como a dicotomia entre a necessidade de aprender fazer e a desnecessidade de saber, deixando de lado o embasamento teórico que é necessário para o ato prático qualitativo.
Em relação à Pedagogia Tecnicista, o próprio nome já nos informa a negatividade desta Pedagogia. Com um ensino totalmente técnico, modelador do comportamento humano, não levando o indivíduo a criticidade de analisar as informações, esta pedagogia transforma o indivíduo em mero expectador do processo de aprendizagem, passivo a toda informação que lhe é transmitida. Como nessa concepção, o homem é considerado um produto do meio, a educação fica a mercê de teorias infundadas e que não acrescentam em nada no conhecimento humano. Nesta Pedagogia a educação é trabalhada de forma mecanizada e manipuladora, para que o indivíduo se integre na máquina do sistema social global.
Talvez pudéssemos dizer que a pedagogia crítico-social dos conteúdos seja uma tendência evolutiva da pedagogia libertadora, pois ambas tratam a educação como uma ferramenta de mobilização dos seres humanos para uma protagonização social e política. Ambas preocupam-se com a transposição dos muros escolares, levando a educação direcionada nas escolas para os espaços públicos. No entanto, a pedagogia crítico-social opõe-se no que diz respeito a falta de relevância da pedagogia libertadora ao lidar com o saber elaborado, que foi adquirido por toda a vida, diariamente, buscando respaldo não somente na atualidade, mas nas questões sociais da história sócio-política do país.
Como se comparou no parágrafo anterior, ambas tem semelhanças em suas filosofias pedagógicas. Discutem e enfatizam a necessidade de uma educação social, buscando sempre uma conscientização escamoteada das camadas sociais, mas ainda não se libertando por completo das raízes tradicionalistas. Uma enfatizando as questões sociais mais atuais, e a outra, indo além, buscando considerações em processos históricos e políticos passados.
Existe ainda a esperança de que a educação brasileira tenha um futuro mais promissor e pode-se crer que sim. Para que isso ocorra têm-se a necessidade do AGIR, no sentido pleno deste sintagma. Estudos já foram feitos, artigos científicos já foram escritos, embasamento teórico existe, no entanto de nada adiantará se não colocar-se em prática as teorias aprendidas. O ato de agir é imprescindível para que a educação brasileira seja verdadeiramente de forma igualitária à todos, sem qualquer distinção e privilégio. Já passamos por diversas tendências educacionais, que na maioria das vezes foram deturpadas e não concluíram o seu objetivo principal, e o mais incrível é que só passamos por estas, mas não participamos ativamente para que as mesmas tenham sucesso no processo de reconstrução educacional e conseqüentemente social.
Quando afirma-se que: O saber científico e técnico é um saber neutro; que o saber científico e técnico é um saber crítico; que o saber científico e técnico é um saber superior; que o papel da universidade é produzir e transmitir o saber técnico e que a universidade atende aos interesses da sociedade; mais do que um equívoco observamos uma manipulação elitizada do saber e a re-afirmação de que a educação desde os tempos passados é defensora de uma camada social elitista, dominadora da sociedade política. Ambas afirmações refletem a dominação das camadas sociais e expressam o verdadeiro interesse da classe dominante (centralizar o conhecimento).
Sabe-se que a educação brasileira está há muito tempo vinculada a uma padronização tradicionalista de transmissão dos conteúdos. Formas reprodutivas, tecnicistas, mecânicas, que não acrescentam em nada na evolução humanística do indivíduo. Através da interdisciplinaridade o educador recebeu uma nova ferramenta com várias possibilidades de apresentação e contextualização dos conteúdos.
Como a interdisciplinaridade ocorre quando, ao tratar de um assunto dentro de uma disciplina, você lança mão dos conhecimentos de outra, pode-se observar que sua função é integrar e agregar cada vez mais conteúdos, de forma bem diversificada, possibilitando um aprendizado mais eficaz. Podemos dizer que a interdisciplinaridade é importante para que ocorra a articulação entre as disciplinas proporcionando que o conhecimento do aluno seja global, e não fragmentado.
A principal vantagem da contextualização de conteúdos é a motivação que o aluno adquire por dar praticidade ao que se aprende nos bancos escolares, promovendo uma relação direta com o que se vivencia.
A metodologia contextualizada serve como uma ferramenta de estímulo e interacionalidade na sala de aula, unido professor e aluno num compartilhar de experiências que podem facilitar o processo ensino-aprendizagem.
Paulo Freire (1996) diz que: “Me movo como educador, porque primeiro me movo como gente”, esta frase nos revela diretamente o porquê da importância do educador na reconstrução para uma educação cidadã. Baseado na primícia de autonomia e integração a escola cidadã surge para defender a democratização do ensino, de forma pedagógica e criativa.
Na Escola Cidadã os alunos têm liberdade de escolha e de decisão, discutindo coletivamente a forma de melhorar a vida escolar e defendendo a reconstrução da escola tradicionalista, para uma escola autônoma e participativa, onde todos têm voz; onde todos podem compartilhar de seus conhecimentos e de suas filosofias particulares, buscando uma hegemonia social em meio a tanta heterogeneidade e acima de tudo a evolução da passividade para a protagonização no espaço educacional.
Se constatarmos que o pensamento complexo tem como princípio a compreensão dos contrários sem a necessidade de exclusão, pode-se afirmar que este é um conhecimento sustentado na busca pelo “todo” e para as “partes” buscando relações entre elas, sabendo que o “todo” é diferente da soma das “partes” e estas por sua vez são diferentes do “todo”, chegando à reafirmação de que por mais interacionados que estejam, a individualidade não poderá ser deixada de lado.
Segundo Crema (apud Stigar, 2008) a complexidade pode ser definida e entendida como uma escola filosófica que vê o mundo como um todo, integral, indissociável e propõe uma abordagem multidisciplinar para a construção do conhecimento.
A complexidade pressupõe mudanças, em todos os âmbitos. Daí pode-se extrair a importância e a necessidade do pensamento complexo dentro da educação brasileira. Faz-se a cada dia mais necessário obter um olhar holístico sobre o “todo”, não descartando as “partes”, promovendo uma contextualização entre ambos, na busca de uma educação de qualidade, voltada para o ser humano enquanto indivíduo social, político e principalmente, psicológico.
Precisa-se sim, de se repensar a reconstrução da universidade brasileira, buscando habilitar, capacitar, especializar e socializar cada vez mais o profissional no mercado de trabalho.

CONCLUSÃO
Há muito tempo há uma discussão em torno do processo educativo existente no Brasil e as tendências pedagógicas que surgem com propostas tentadoras, a fim de se democratizar o ensino. Sabe-se que é de extrema importância estas discussões, para que consiga-se uma evolução notória e funcional do sistema educacional vigente.
Em contrapartida, se respaldarmos, nos diversos níveis de evolução educacional adquiridos até o momento, verificaremos que precisamos além da reflexão, partirmos para uma prática efetiva, para promover uma releitura da universidade brasileira totalmente voltada para o progresso do país, com um atendimento educacional igualitário à todos, o que é imprescindível para obtermos uma ruptura da elitização do acesso a educação de qualidade e funcional.
Enfim, podemos concluir que a busca por uma educação cidadã, realista e funcional é urgentemente e necessária para a reconstrução da universidade brasileira, e por conseguinte, da educação brasileira. E além disso, constata-se que as tendências pedagógicas são de extrema valia para que este processo evolutivo seja verdadeiramente em prol de benefícios à todos.

REFERÊNCIAS:

FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. SP, 1996, Paz e Terra Coleção Leitura, 27ª ed. p.94.

SOARES, Dulce Consuelo R., 2003, Os vínculos como passaporte da aprendizagem: Um encontro D’EUS, RJ, Caravansarai, p.19.

Autor: Alexsandro Rosa Soares